segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Era uma vez uma homem e uma mulher (acho que com a minha idade já posso bem dizer um homem e uma mulher...). Foram fazer um workshop de fotografia (de umas horas) e passados 18 meses, mais coisa menos coisa, casaram. Faz hoje um ano e tres meses que são, legalmente, marido e mulher (isto porque me quer parecer que já muito antes disso eram marido e mulher de coração). Ora, vai daí, já tinham tres filhos (ela já os tinha, ele passou a tê-los) e, são agora (desde o tal dia de inverno de fotografia), felizes.

Por isso, meu amor, Parabéns! A vida foi tão generosa, ao permitir o nosso encontro... só temos mesmo é de agradecer...

intermitencias da morte

Eu e o p. na cama. Ele – mamã, a vovó (minha avó que morreu na passada sexta-feira) morreu de boca aberta? Eu , desconcertada com a pergunta: não sei, p., acho que não… porquê? Ele – é que se morreu de boca aberta vai-lhe terra para a boca! Eu – ah, isso… não filho, não te preocupes porque o corpo da vovó ficou dentro de uma caixinha, antes de ir para a terra Ele: uma caixinha tipo a dos vampiros?????

Nota: A minha avó morreu. Gosto de a recordar há uns anos atrás, alegre, bem disposta, sempre a cantar fados e a inventar poemas. Morreu semana passada, triste e cansada. Prefiro imaginá-la no céu a contar anedotas e a encantar os anjos com as suas canções:)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

M., durante as férias, as fazer miminhos a um cãozinho. A dona, perguntou: - e tu? Também tens um cãozinho? Ele: - não… - então, tens um gatinho? Ele: - não… - E um periquito? Ele: - também não.. - Mas não tens nenhum animalzinho de estimão? - Sim! tenho três garnisés E é isto! Em pleno centro do Porto, temos 3 garnisés, no jardim, bem acomodadas na casinha chicco que foi transformada em capoeira. (entretanto chegou mais um coelho anão e temporariamente uma gata, mas isso é outra história)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Porque metade de mim é mulher... e a outra metade também

Outro dia fui confrontada com a questão das metades. Ou não metades. Se serei mais mae ou mulher. Que seria mais mae? É possivel que, para terceiros, eu possa parecer, de facto mais mae. Admito que o facto de ser, inequivocamente, mae de três crianças que, por uma questão matemática, são o triplo de mim, pode dar ideia de que sou mae, mae e mae E sou. Sou mãe de 3 crianças que são a minha responsabilidade e que, em ultima análise, devo educar, proteger, amar e ajudar a crescer. Mas só sou mãe porque sou mulher. E ser mãe nunca me anulou enquanto ser humano multi dimensional que sou. Sou, afinal, mae, profissional, filha, irmã, neta, amiga. Mas sou, em primeira análise, Mulher. A mulher que trabalha, que dança, que canta, que cozinha, que namora, que lê, que vê filmes, que mima, que grita, que faz birra, que chora, que ri, que vai (quando tem tempo) a concertos, a cinemas, a restaurantes, que gosta de ir ás compras, de ir ao cabeleireiro, de viajar, de passar férias, de arranjar as unhas (quando se lembra), de dormir, de ficar sossegada no sofá a vegetar e a consumir compulsivamente séries, de jardinar, de apanhar morangos e peras das arvores, de tomar banhos quentes de espuma, de beber caipirinhas em noites de verão, de jantar com amigas, de partilhar patetices de gajas e de rir muito com isso e que, numa das suas dimensões é, por acaso, mãe. Se isso me define? Não. Não é a qualidade de mãe que me define. É uma qualidade que me complementa. Tê-los, sabê-los, senti-los, faz parte de mim. É uma parte da mulher que sou. Não é a parte mais importante, assim como os olhos não são mais importantes que a boca, ou os pulmões mais importantes que o coração. É um todo que eu sou. Agora que sou mae, não podia deixar de ser porque estes filhos (os meus, não outros) se colaram à minha pele e passaram a ser eu. Torna-se, é verdade, muitas vezes, mais importante, educa-los, protegê-los, fazer deles pessoas boas. Porque, depois de serem meus filhos, tenho de exercitar, neles, o meu amor de mãe. Mas isso é um estar, um fazer. Não um ser. Não são as funções que me definem. É o ser, cá dentro. E, nesse cá dentro, sou um misto de tudo. De tudo o que gosto, de quem gosto, de quem gosta de mim. Do meu passado, do meu presente, da antevisão do meu futuro. Sou uma totalidade de mins, em diferentes cenários e circunstancias. E sou mae de filhos colados ao seu coração. Porque metade de mim é mulher. E a outra metade também!

Momentos de luz ás escuras

Segunda-feira à noite ficamos momentaneamente sem luz. Eu estava na parte de baixo com o m. e o p. e o j. estavam na parte cima, a brincar. O j. começou imediatamente a chorar, com medo e eu ouvi o p. dizer-lhe: dá-me a mao j. não te preocupes que eu ajudo-te a levar-te para a mamã… Depois, já cá em baixo e com luz, contava: eu ainda tenho as perninha a tremer, mas dei a mao ao j., para ele não ter medo!!!! E o m., a por-lhe as mãos nas pernas, para confirmar o medo dele e admirar a sua coragem. E é nestas alturas que eu percebo que mesmo que andem, quase todos os dias, a esfolar-se vivos e a dar-nos cabo da paciência com lutas de irmãos, vão ser sempre os melhores amigos e vão poder sempre contar uns com os outros. Foi esse o meu momento de luz.

A verdadeira familia moderna

Fomos de férias 7: eu, o meu amor (que foi lá ter dois dias depois), os nossos pequeninos, a minha mae e a mae do meu amor. A caminho, dissertava o p: temos mesmo uma família grande, mamã: nós os cinco (o núcleo dele), mais o pai, mais a vovó n. (minha mae), a avó F. e o avó F (pais do pai), a Avó A., (mae do P.), a mana I. (filha do Pai) e o D., que é nosso irmão emprestado (filho da namorada do pai). E as primas C. e B. (filhas do irmão do pai) e o A. (filho da irmã do P.)! Podia ser um cenário complicado, mas não é. Porque não são as crianças que complicam. Elas, na verdade, replicam o que ouvem/sentem em casa. Se nós, adultos, seus modelos, entendermos as coisas com simplicidade, elas sentem a vida como simples que é. Importante para nós, adultos, é que eles, as nossas crianças, sejam felizes. Os nossos amores e desamores, as nossas dores e paranoias, não têm de ser – nem são - as deles. Com generosidade e bom senso de todas as partes, a vida (deles e nossa) pode ser bem mais simples. E, a final, bem mais cheia, com afectos de vários quadrantes, com emoções de várias cores e sabores. São miudos, os nossos, de sorte. Por terem tantos abraços para os não deixar cair. Por terem tantos tios e primos, tantos amigos, tantas pessoas boas que lhes querem bem e que lhes transmitem tantos olhares diferentes. Estão, desde agora, em contacto com a diversidade. Diversidade boa, que os preenche e anima. Conhecem, desde cedo, diferentes realidades, diferentes raças, diferentes casas, diferentes estilos de vida, diferentes carinhos. Não sei se é melhor do que uma família tradicional. Não acho que possa ir tão longe, naturalmente. Mas, não sendo melhor, também não acho que seja pior. Em sendo diferente, ficamos só com as coisas boas. Descomplicamos. E fazemos os nossos meninos felizes.