sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Do m, abraçado a mim, a propósito de nada:
 - Obrigada por seres a minha mama!

(soubesse ele o quanto eu agradeço tê-lo a ele (e aos irmãos) - como meus filhos...)

Natal


Passamos o natal. A minha época preferida de todo o ano.

Lembro-me dos natais passados em casa da minha avó. Casa pobre, muito pobre, sempre cheia de comida e de animação. Lembro-me das minhas primas, das nossas conversas, dos nossos sorrisinhos de excitação, dos nossos presentes (meias e lencinhos de mão das tias avósJ), da minha agenda, dos presentes dos pais, sempre os mais esperados.

Lembro-me do cheiro das rabanadas, do leite creme feito com água da minha avó (impensável para mim agora, mas que adorava na altura) e da sala minúscula onde cabíamos muitos! Lembro-me, muitíssimo bem (e ouço-o, muitas vezes, em pensamento), do riso do meu pai. Das suas brincadeiras meio parvas com a minha tia  e de como me sentia feliz quando voltava para casa, á noite. Feliz, amada, abençoada.

Hoje, o natal é outro. Não há casa das minhas avós. Não há avós. Não há o meu pai nem a minha tia, nem as brincadeiras disparatadas. Não há conversas com primas. Não há uma das primas. Não há cozinha com chaminé nem o frio da rua ao voltar para casa.

Mas continua a haver mãe. E irmã. E a irmã já tem marido e este ano tem um bebé. O t. que nos assustou imenso durante a gravidez mas que afinal é um anjo de perfeição e serenidade. E há a filha da prima que tem o cheiro dela, e, com muita alegria minha, passa a noite enroscada no nosso sofá. E há o P. que é, em sentido figurado e literal, o nosso pai natal. E há os nossos três príncipes da lua, que são ainda mais doces que o leite creme que a minha avó fazia.

Continua, por isso, a ser natal. Passado na nossa casa, com mesa cheia de família e de amigos. Com o calor da lareira e do fogão sempre aceso. E quando volto, à noite, á cama, continuo a sentir-me natal. feliz, amada, abençoada.