terça-feira, 26 de novembro de 2013

Silencio, que se vai fazer ruido!


A diferença entre o domingo e a segunda feira foi abismal.

No domingo, ficamos os dois, toda a tarde, no silencio da lareira. Ele a trabalhar, eu a ler. Não ligamos, sequer a televisão. Ficamo-nos pelo crepitar do fogo e pelos sussurros.

Na segunda à noite, eles chegaram. Todos com milhentas historias para contar. Atropelaram-se, acotovelaram-se (literalmente), riram e cantaram. Saíram da mesa vezes sem conta para dançar, falaram alto (como sempre). Comemos castanhas assadas, brincamos, fomos para a cama exaustos, os cinco.

São estas nossas duas realidades que nos completam, que nos equilibram. Não somos um sem o outro, não somos, nenhum de nós, sem eles. Somos, enquanto casal e enquanto família. Nos silêncios e nos ruidos (muitos). Todos os dias,  os cinco, uma laranja de cinco gomos que é doce como um todo.

Amarga a doçura de os ver crescer


Quando foi que os meus filhos cresceram? Dou-lhes banho e estão tão crescidos! Olho as mãos com dedos compridos, os pés que calçam quase tanto como eu, ouço as vozes cada vez mais seguras de si, abraço os corpos cada vez mais largos, vejo as pernas cada vez com mais penugem, os olhos cada vez mais abertos ao mundo… Quando foi que eles cresceram?

Ontem o j. perguntou-me se eu sabia o que são dodots.  - Claro filho, é uma marca de toalhitas e fraldas…  - mas porque é que todos os meninos da minha sala sabiam e eu não?  - Oh… sei lá! Terá tido pouco tempo para ser bebé?

Vi no domingo um menino, talvez com 5 ou 6 anos, num carrinho, a ser empurrado pela mae. Os meus filhos mal devem ter recordação de um carrinho. O p. e o m. tiveram de começar a andar por si só logo quando o j. nasceu, porque era impossível andar com três carros e o j. é que era o bebé. Tinham dois anos apenas… e o j. deixou de andar também por volta dessa idade (ou até mais cedo) porque os irmãos eram ainda muito pequeninos e também queriam. A solução foi que todos andassem a pé… ainda hoje, é difícil dar-lhes colo porque são todos ainda pequenos e todos querem… o que não é fisicamente possível. Ter-lhes-ei dado pouco tempo de bebé?

Cresceram. Crescem todos os dias, em doçura e traquinice. Em inteligência e bom humor. Crescem todos os dias e eu já não me lembro deles tão pequenos a ponto de me caberem numa mão. Cabem, sempre, no espaço do meu peito, mas esse é deles, por direito. Dizia eu ao p. que eles (os 4) eram as minhas pessoas. As mais importantes da minha vida. Perguntava-me ele:  - Mas mais que tu, mamã? Somos mais importante para ti do que tu própria?  - Sim, meu amor. mais importantes que eu! - Oh… coitadinha… não pode ser mamã!  - Então também és a mais importante para mim! A crescerem, também, em generosidade.

Na cama, com o mais pequenino, com o meu rosto afundado no dele, a sentir, ainda, o narizito tão pequeno, as mãozinhas no meu pescoço. É o mais petiz. O benjamim de três que são, todos eles, afinal, benjamins. Daqui a dois anos, já do tamanho dos irmãos. Com penugem nas pernas, dedos compridos, pés do tamanho dos meus, voz mais segura, corpo mais largo, olhos mais curiosos.

Amarga esta alegria doce de os ver crescer!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

miminho bom!

E a meio do jantar, o p. chega-se ao meu ouvido:
Tu e o P. são os melhores pais do mundo!!!!!!

E se isto é mel para o meu coração, para o meu amor é o reconhecimento de que pai só tem mesmo a ver com amor!

Espelho meu, espelho meu...

Pergunta de ontem lá em casa ao jantar:
então quem é que é bonito cá em casa? A pergunta, do P., era tendenciosa e para me encantar, já se vê, esperando ele uma resposta do género: é a mamã:) Pois não saiu nada disso!
as respostas:
do m: sou eu, claro. Porquê? porque sou eu próprio!
do p: sou eu, claro. Porquê? porque tenho o cabelo meio comprido!
do j: sou eu, claro. Porquê? porque sou o mais estiloso!

E é oficial! Auto-estima é coisa que não lhes falta!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ontem fomos petiscar à baixa. Ficamos a conversar e saímos depois para passear. por ali, sempre de mao dada, como que para impedir o frio de entrar. Para o assustarmos, comemos um gelado, que partilhamos pelas ruas. Nas mesmas ruas em que nos conhecemos. Nas mesmas ruas em  que nos beijamos. Nas mesmas ruas em que nos pedimos em casamento. Nas mesmas ruas que que nos falam de amor.
E dizer-lhe (nos) amor, é isto. Não precisaremos de muito mais...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Hoje, a caminho da escola:
j: mamã, sabes porque é que o pai natal se chama pai natal?
eu: e tu sabes?
j: sei, é porque tem barbas!
m: és mesmo tótó! Se fosse por isso, chamava-se pai barbas e não pai natal!

é, tem lógica:)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O natal este ano chegou mais cedo.
A pedido expresso do mais pequeno lá de casa, sexta-feira à noite fomos buscar as milhentas caixas  cave, para dar as boas vindas ao Natal.
Uns a decorar a árvore, outros a colocar pilhas em bonecos, outros a procurar o menino de jesus dos presépios, ainda deu tempo para corrida de sacos, dentro dos sacos do pai natal.
A seguir, com a casa completamente desalinhada (e ainda muito pouco natalícia), sentamo-nos a ver o gnomeu e Julieta, enroscadinhos uns nos outros, no quentinho da lareira, com pipocas feitas na hora.
Fico, na memória, com o p. a pedir para pôr a estrela no cimo da arvore, com as corridas de sacos do m. e do j., e com a dança, minha e do meu amor, abraçadinhos, ao som de uma musica de natal.
E é nestes momentos que eu sei, de uma certeza segura, que Deus é meu amigo.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Como sobreviver aos trabalhos de casa?


A nossa vida era mais fácil antes de eles andarem na escola.

Quando eu chegava a casa, só tinha de os mimar, de brincar com eles e fazer o jantar a seguir.

Agora, temos de os mimar, de brincar (tudo em menos de cinco minutos) e orientar os trabalhos de casa antes do jantar (que passou a acontecer mais tarde, naturalmente).

Isto com a agravante de serem dois a trabalhar em paralelo, sempre a comentarem coisas um com o outro e a distraírem-se mutuamente e um outro aborrecido sem os irmãos para brincar, a tentar destabilizá-los.

É claro que era mais fácil se pedisse á minha mae para os acompanhar antes da nossa chegada a casa, mas não me parece que seja uma tarefa de avó. É uma tarefa nossa, minha e do P., que devemos apanhar com o bom e o menos bom. Este é, claramente, um dos momentos menos bons do nosso dia.

Porque eles já estão cansados, porque querem é fazer qualquer outra coisa divertida, porque nós não temos grande paciencia, porque perdemos imenso , porque nos deitamos mais tarde e porque nos desgastamos.

Depois, a velha questão: Será que os devemos de facto orientar, como fazemos, ou não?

Confesso que a nossa politica é orientá-los. Nunca lhes fazemos os trabalhos, nem lhes dizemos como se fazem, mas estamos por perto a ajudar a interpretar e a corrigir no final.

Aborrece-me que tenham trabalhos de casa todos os dias, mas percebo o objectivo. E na verdade, ainda que não percebesse, não adiantava grande coisa;)

Ano passado havia mais resistência da parte deles, sobretudo do p. primeiro ano escolar com trabalhos todos os dias, não foi fácil… este ano já estão resignados. Continuam a não gostar dos trabalhos, mas já não resmungam.

Não sei se somos muito exigentes com eles. Não sei se é certo dizer-lhes que um bom não é bom e que só um muito bom é aceitável. Têm 7 anos, bem sei, mas, achamos nós, precisam de perceber que sem esforço não e cresce (ou não se deve crescer)
Têm a vida tão facilitada, os nossos filhos…
Com uma vida bestial e acesso a tudo… não lhes fará mal perceber que não é só ter. Que o ser é o mais importante. Que o ser parte de nós e que, independentemente do muito que possam ter, têm a obrigação de se esforçarem para merecer o que a vida lhes dá. Até porque nada é certo e que o têm hoje podem não ter amanhã.
Precisam de crescer com a noção de que devemos dar tudo o que temos. Que estar aquém das nossas possibilidades não é uma opção. Que merece mais reconhecimento quem atinge menos mas dá tudo de si, do que quem atinge mais, mas sem esforço.

Quero que se orgulhem de si também enquanto processo e não apenas em resultado.

Por isso, um bom há-de continuar a ser pouco, enquanto perceber que são capazes de mais.
E havemos de ter menos tempo para brincar, havemos de jantar mais tarde, de tomar banho mais tarde e ir para a cama mais tarde. Havemos de ter amuos e resmunguices e chamadas de atenção. Mas havemos de sobreviverJ e de crescer na noção de esforço, de solidariedade e companheirismo familiar.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

esta noite o p. chamou por nós. Tenho um sono mais leve e fui eu respondi á chamada. Cheia de sono deitei-me na cama dele e sem falar, tentei voltar a adormecer. Já quase quase a dormir, senti-o colocar a mao e cima do meu corpo e dizer-me: mamã, sabes que és a melhor mae do mundo?

tão bom...