quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

como sobrevive um casal a tres filhos?


Como sobrevive um casal a tres filhos?

 PoisJ
 

Ontem, demos por nós, a olhar para dentro de nós, e a verbalizar: que família ruidosa somos!
Chegamos a casa e temos dois trabalhos de casa (ou três, que o pequenino já traz “trabalhos de casa preparatórios para o primeiro ano que aí está a chegar”) para acompanhar. Todos os dias, trabalhos de casa de matemática, estudo do meio ou português, mais dois dias de ingles e mais um dia da semana musica.

Não fazemos os trabalhos. Acompanhamos, corrigimos, mas isso também demora tempo. E despende energia.

Jantar a seguir. Quem está na mesa, quem não está. Se já lavaram as mãos, que não gostam de legumes, que aquela comida hoje até nem apetecia muito, quem está na mesa, quem não está. Que não se podem ver desenhos animados ás refeições, para podermos conversar. Então brinquedos. Não, não se podem ter brinquedos em cima da mesa. Quem está na mesa, quem não está. Mais novo a fazer caretas ao m. m. a não gostar. Empurrão ao irmão, que se ri e deita o copo ao chão. Apanha o copo, talheres caem, afinal não querem água, vao fazer sumo. Quem está na mesa, quem não está. Quem come, quem não come. Depois, pratos no lava loiça e subirem, os três, as escadas, para o banho.

Hoje não quero ser o primeiro. Tenta trocar com irmãos, que não cede, vai para a banheira o primeiro. Sai da banheira, entre o próximo, com o primeiro a lavar os dentes. Sai o segundo, entra o terceiro, com o segundo a levar os dentes, sai o terceiro, vai lavar os dentes, vestem os outros o pijama.

Cama. Quem está na cama, quem não está. Falta um livro. Vao escolher um livro. Trocam de livro, vao buscar outro, mais um urso de peluche, mais o jogo para o dia seguinte, mais outro livro que um não chega. p. quer o livro do j., que lhe foi oferecido a ele. J. quer o livro para ele, porque em casa tudo se partilha e o que interessa é quem quer primeiro, não de quem é. Todos amuados, na cama. Prepara roupa para o dia seguinte. Não esquecer do uniforme de uns, roupa e bata de outro, mochila com lanche, mochila para a natação. j. não quer a camisola cor-de-rosa que é de menina, m. não gosta do lanche, p. continua a querer o livro do j.

Troca roupa, troca mochila, tentando não esquecer de nada e já com paciencia nula.

Filhos na cama, hora do conto. Conto eu ou contas tu? Contamos os dois, revezamo-nos, estourados, já só á espera de dormir. Três historias, das grandes, para demorarem muito!

Só mais um abracinho e um beijinho e fica mais um bocadinho aqui na minha cama.

E ficamos. Tentamos não adormecer, ir para a nossa casa, o nosso cantinho, perceber que somos gente, que também existimos para além deles.

Estás aí? Vem para cá.

 

Como sobreviver a três filhos?

J

Pois! Com a certeza de que existimos, neles mas também para além deles. Somos uma família, a cinco, e  somos um casal,  naquele bocadinho e noutros, em que nos encontramos.

Às vezes olho para o P. e questiono-me  se não pensará em que raio de filme se veio meter. Solteiro e bom rapaz, mais novo, sem filhos, sem experiencia com crianças, apanhou com três em cima, de uma só vez, sem tempo sequer para se adaptar á ideia de ser pai.

Mas olho-o melhor e sei que ainda que pense nisso, está ali. Não desiste. Cansado e com dores de costas, não deixa de contar uma história, de acompanhar os trabalhos, de ver se os dentes estão bem lavados, de perguntar se o dia correu bem. Ainda que pense que ás vezes é uma responsabilidade demasiado grande, nunca é grande o suficiente para desistir deles, para desistir de nós. E essa confiança que temos uns nos outros, faz da nossa família, muito mais que ruidosa, uma família feliz.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014



A querida M., que lê este cantinho, diz-me, volta e meia, que os meus textos a inspiram…

Isso é bondade dela, que eu sei. Os meus textos nada têm de inspiradores…. Mas acredito que a minha estória seja, pelo menos, demonstrativa da capacidade de acreditar. Em nós, na vida, em segundas, terceiras e tantas oportunidades que nos vão aparecendo pela vida.

Fiquei sozinha com três bebés. Dois com 23 meses, um com 11. Seria hipócrita dizer que foi fácil. Claro que não foi. A determinada altura o trajecto que tinha delineado deixara de o ser e eu senti a minha própria identidade fragilizada.

Quem seria eu fora daquela vida em que eu estava?

Não foi fácil, mas não foi impossível.

Eu e os meus três bebés eramos uma família. Eu, para além deles, era uma pessoa cheia de vontade de estar e de ser.

Redescobri-me, então, em mim. Passei a ser, acho eu, uma pessoa muito mais interessante. A minha irmã, pelo menos, diz que simJ Diz ela que gosta muito mais de mim agora…

Ganhei novos amigos, recuperei antigos amigos, descobri novos interesses, fiz coisas que sempre quis fazer e que fui deixando para trás, abri-me à fotografia, á musica, á dança, saí da minha zona de conforto.

Tive algumas lutas externas (mami e tentar perceber, também ela, quem era esta nova filha, passado a tentar re-encaixar no presente) e internas (seria este o caminho certo, seria eu suficientemente forte, suficientemente interessante, suficientemente mãe), mas dei a mim o tempo necessário para estabilizar-me. Depois, seria mais fácil.

E foi.

O que nunca perdi de vista foram os meus filhos. Não me colei a eles, não os absorvi em mim, não compensei a ausência de amor com o amor deles,  mas nunca, em momento algum, os perdi de vista. Fomos sempre, os quatro, um nó. Um laço bem apertado no coração. Fomos, sempre, felizes e equilibrados, mesmo quando eu, sozinha, não tinha encontrado ainda o meu equilíbrio.

Depois, foi mais fácil.

Descoberto o meu caminho, o meu eu, dei de caras, sem esperar, com o meu amor.

É claro que o achei lindo no momento em que o vi (ele achou-me resmungona e faladora…), mas só soube que ele era e seria o meu amor, alguns dias (não muitos) depois.

Não acho, honestamente, que a vida me tenha dado outra oportunidade. O que eu acho é que a vida está cheia de oportunidades e de certezas. O P. não era uma oportunidade, era uma certeza. Tive apenas de fazer algum caminho até ele. E ele, algum caminho, até chegar a mim.

No caso dele, um caminho para uma família de quatro, que aceitou, sem alguma reserva, como dele. Sei, de uma segurança absoluta, que os meus filhos são os filhos dele, que não há mais amor em mim por eles do que nele.

No meu caso, um caminho para ele se encaixar em nós, para criarmos, de raiz, uma família de cinco, como se nunca tivesse sido sem ele. Num amor que nunca antes existiu em mim e que lhe estava destinado.

Esta minha estória não é inspiradora, portanto. É, tão-só, prova de que a realidade supera os sonhos e que ser feliz é uma questão de certeza. Mais vale, por isso, ser feliz sempre, em nós. Com a segurança de que a felicidade com os outros é uma certeza, no momento certo.

 

 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ontem, bilhetinho do m. para nós:

P., és o melhor pai do espaço

mamã, és a melhor mae do planeta

São tão lindos os meus ricos filhos! (e quando eu disser o contrario é porque estou a mentir:))



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

há dias - quase todos - em que só a meio da manhã é que a minha manhã começa. Antes disso, fico rezingona e com pouca vontade de conversar. Faço as minhas funções na exacta medida das necessidades: visto e preparo três crianças, faço três pequenos almoços, preparo três lancheiras e mochilas, lavo-me e visto-me. Levo as três crianças á escola e vou trabalhar.
Só lá para depois das 10h é que começo a abençoar as minhas manhãs. o perfeito que é ter acordado, ter o meu amor ao lado para me ajudar nas tarefas, ter as minhas três crianças lindas e perfeitas a dormir, em paz, debaixo do mesmo tecto que o nosso. Só lá para meio da manhã é que começo a ter saudades deles, os quatro, e que me apetece dizer-lhes o quanto os amo.
Tenho tentado, todos os dias, acordar mais viva para a vida, mas é este o meu relógio biológico. Pouco virado, entre as 07 e as 09 AM, para beijos e miminhos e birrinhas e brincadeiras.
É um relogio mais virado para a introspecção, para o silencio, para a calma que as manhãs (pelo menos as nossas) não têm.
Na próxima encarnação, vou pedir para nascer num tempo em que a manhã só começa depois das 10...
Ontem, o meu pequeno p., a olhar para uma foto minha, com um vestido ás flores:
Mamã, parece que explodiste a primavera!

(vai-me dar trabalho, este poeta! é o que vos digo:))

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Numa casa com três crianças tudo (e é mesmo tudo) é motivo para disputas...
um brinquedo que nunca foi minimamente importante passa a ser o brinquedo mais importante do mundo num determinado momento, ser ou não o primeiro a tomar banho é uma guerra, quem desliga a televisão ou as luzes e porquê uma outra.
Vamos, por isso, inventando regras á medida das necessidades, naquele principio de que já vos falei da tentativa e erro.
É por isso que temos, por exemplo, uma lista para os banhos (que funcionou muito bem) e que elegemos agora um "responsável de comando". É que os miúdos são pequenos mas há coisas que já devem vir com o género e o comando já é uma extensão do seu braço!
Vai daí, cada dia temos um responsável pela televisão e pelos programas que escolhem (quando chegam da escola e não optam por outra brincadeira qualquer).
Não há qualquer dúvida de que os miúdos (acho que mais os rapazes, mas imagino que as raparigas também) precisam de regras. Precisam eles e nós, para sobrevivermos ao caos que é educa-los.
Se souberem as regras, evitam-se (ou pelo menos diminuem-se) os conflitos: regras para hora do jantar, regras para comer guloseimas, regras para jogar PSP ou tablet, regras de banhos, regras para trabalhos de casa...
Eu sei que pode parecer redutor, mas é seguro que, a não ser assim, nos desintegraríamos:)
Se houvesse uma só criança, seria mais fácil, não havendo forma de questionar porquê eu e não ele; numa família numerosa, as questões de pseudo-justiça (no entendimento deles), têm uma importância acrescida e têm de ficar sanadas sempre que acontecem. Porque as crianças (pelo menos estas) têm em si muito presente a ideia de (in)justiça e facilmente criam dramas e filmes... O que vale é que com a mesma rapidez com que inventam problemas, também assim os desfazem e continuam a ser o que melhor sabem ser: crianças:)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Acabei de preencher o boletim de matricula do j para o 1º ano.
Sei que vai fazer seis anos e que está na hora de entrar na primária, mas a verdade é que não consigo olhar para ele como não sendo o meu bébé.
Até na roupa é estranho porque continuo a olhar para roupa nova (que lhe serve lindamente) como sendo enorme e tenho sempre tendência para achar que irá vestir um tamanho menor do que de facto veste.
É e vai ser sempre sempre o bebé do meu coração. não é que o p. e o m. não sejam, que claramente são, mas o j., veio depois. foi bebé depois, pode ser bebé ainda quando os irmãos, que se calhar ainda deviam ter sido, já não puderam ser tanto. Olho-os, aos três, e apesar de diferença de idades mínima e da diferença de tamanho e de desenvolvimento cada vez mais a desaparecer (até já lhe saíram 2 dentes), sinto-o, a ele, como o meu bébé.
Pudesse guardá-lo sempre comigo assim... (oh, que desejo pateta e egoísta, que o que eu mais quero é que cresça saudável e feliz!)
ontem, o j, para o meu amor:
papi, dás-me a sopa?

e é assim que ele lhe conquista o coração, que eu sei:)