Um destas noites o m. teve um pesadelo. Em resumo, uma bomba
ia acabar com o mundo e íamos morrer todos. E o P., não sei bem como, morreu
para nos salvar. E isto diz muito sobre o que o P. é para o m. e sobre o que
ser pai e filho deve ser. Não há laços de sangue que sejam necessários, quando
os laços de amor o são. E diz também muito sobre a mentira que é o mito de pai
só haver um. Não há. Pais há aqueles que amam e que tratam os filhos comos
filhos. E há muito que o P. é o pai dele, deles. Não que o outro, o biológico, não
o seja, que os meus filhos têm a sorte imensa de ter dois pais que os amam mais
que tudo, mas este, o Pai meu marido, é um super herói.
É o pai que tira uma semana de ferias para ir sozinho com três
crianças para o campismo no meio do nada e que, mesmo com dores de cabeça
ininterruptas há mais de uma semana e um tímpano furado (com um pontapé do p.
logo no primeiro dia do campismo) não arreda pé e continua a jogar à bola, a
fazer grelhados numa botija de gás, a jogar Uno, a dar banhos, a ir à piscina e a dormir no chão de uma
tenda.
E é por isso que não me admira que ele salve os meus
filhos (e o mundo por arrasto) num sonho do m. Porque essa é a cara dele. Essa é a missão dele. Ser o nosso super heroi