sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Não tenho dito nada. Nem a mim mesma. Mas tenho andado a pensar que os meus filhos mais velhos já vão fazer 11 anos. Ontem, na cama, de mãos agarradas (não é fácil agarrar três filhos, mas não é impossível – braço por cima de uns para cehgar aos outros, são mãos e abraços entrelaçados e o calor da mãe chega para todos), disse-lhes: Pedro e Miguel, vocês já vao fazer 11 anos… E eles, já quase a dormir – hum???? A mae deve estar parva, claro. é obvio que vão fazer 11 anos e isso é normal, acham eles, que estão mais preocupados com a festa, com os amigos que vão convidar, com os presentes… Eu? Preocupada com outras coisas. Não é bem preocupada, é mais um tremor estranho na barriga… porque tenho 42 anos e vou fazer 43 (quando é que eu deixei os 30??????) é certo, mas sobretudo porque eles vão fazer 11 anos. A voz está a mudar. Os pés calçam 37/38. Olham para mim quase diretos nos meus olhos e seguramente que dentro de um ano vão estar maiores que eu. Têm pelos a nascer por tudo quanto é lado. cheiram a sovaco e a chulé. São opinativos (muito!!!). fazem apresentações orais na escola (é impressão minha ou eu só fiz isso no secundário?). já não precisam da minha ajuda para powerpoints e já sabem estudar sozinhos. Não gostam de muitos beijos em publico. Vestem roupa do mesmo tamanho que eu. Cresceram. E isso, tem tanto de maravilhoso como de assustador. É maravilhoso ver o quanto desabrocharam em inteligência e bondade. São crianças boas e felizes, que sempre foi o meu grande objetivo enquanto mãe. Continuamos unidos e a cuidar uns dos outros. Mas cresceram. E é assustador vê-los fugir do meu encantamento. O João continua a ser o meu bebé. Entro na cama para lhe dar um beijinho o rosto dele ilumina-se como se não houvesse mais ninguém no mundo para além de nós. Continua encantado comigo, encantado em mim. O Pedro e o Miguel cresceram. Sei que me amam. Muito, não é isso que está em causa. Mas já não estão só dentro de mim. Têm um mundo todo cá fora, dentro deles, fora de mim. E é tão, tão recompensador perceber que são equilibrados, sensatos, que gosto do mundo que criamos para eles e que eles tão bem adaptaram a si… E, ao mesmo tempo, não deixa de ser, apenas, triste. A mãe deve mesmo estar parva, mas o encantamento vai passar que eu sei. Vou deixar de ser a mulher da vida deles e passar a ser apenas a mae. E isso, por muito natural que seja, dói. Não é sofrer por antecipação. É antecipar para não sofrer tanto Logo à noite, vou voltar a aconchega-los como se não houvesse amanhã. E enquanto durar este abraço, está tudo bem!

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