quinta-feira, 22 de maio de 2014

A geografia da felicidade


Ando a ler o livro geografia da felicidade. Ando a ler desde Março, o que já podia não ser bom prenuncio, porque dificilmente demoro mt tempo a ler um livro, mas não é o caso. Demoro porque tenho tido realmente uma vida muito atarefada e chego á cama tão cansada que só me apetece vegetar com uma revista cor-de-rosa ou séries de televisão que me façam rir e não pensar muito e porque o livro se pode ler aos bocadinhos. Não se perde a continuidade narrativa e dá perfeitamente para ler em “pedaços”.

Ora, cheguei agora ao fim da visita do escritor ao Butão. Onde não há semáforos ou não havia quando lá esteve) e a vida anda mais devagar. Já passou pela Suica, demasiado organizada, e pela Holanda, demasiado anárquica.

Tento retirar, de cada livro que leio, algum ensinamento, alguma aprendizagem. Tento, também por isso, pensar em mim em cada um desses espelhos geográficos. E não sou capaz de decidir. É fácil pensar-me num país sem semáforos, com uma única estrada, com poucos carros, onde não há pressa para ir para lado nenhum. Mas não me parece que fosse aguentar muito tempo o demasiado tempo que teria para gastar sem fazer “nada”. É fácil imaginar-me na Suiça, onde o meu pai chegou a viver por alguns meses – e adorou -, com tudo limpo e organizado. Mas sei que não me ia habituar ao frio nem ás imensas regras a que os suiços me parecem sujeitos. Sou demasiado distraída, demasiado desorganizada, demasiado sem regras no dia dia…. Já a Holanda… fiquei (ficamos) encantados com a Holanda, ou com o que conhecemos dela. Ficamos encantados com os dias de sol que encontramos, com o comboio, com os passeios de bicicleta, com as cidades que visitamos, com os moinhos, com os pic-nics nos parques, com os concertos, com os refrescos de hortelã, com os bares, os rios, a água. Mas foi tudo numa época muito especifica, com amigos muito específicos. Seria capaz de viver lá? Não sei… E não sei o que é que faz uns povos serem mais felizes que os outros.

A minha geografia da felicidade resume-se á minha casa (em sentido alargado) e ás pessoas que nela habitam. Resume-se ao meu coração e ás pessoas que nele moram. A minha geografia da felicidade não se mede em rendimento, nem ordem nem desordem. Mede-se pelos risos deles  pela manhã, pelos abracinhos que recebo á noite, num xi-coração apertado, pelo chilrear dos pássaros num dia de primavera, pelo aconchego dos pés gelados que se aquecem, pelas conversas animadas com amigos, pelas emoções dum livro ou dum filme, pela sensação de plenitude de uma cama partilhada a cinco.

A minha geografia da felicidade está em mim. E está neles. Vivamos nós em que país vivermos, desde que estejamos juntos e estejamos bem.

 

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