quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Como sobreviver aos trabalhos de casa?


A nossa vida era mais fácil antes de eles andarem na escola.

Quando eu chegava a casa, só tinha de os mimar, de brincar com eles e fazer o jantar a seguir.

Agora, temos de os mimar, de brincar (tudo em menos de cinco minutos) e orientar os trabalhos de casa antes do jantar (que passou a acontecer mais tarde, naturalmente).

Isto com a agravante de serem dois a trabalhar em paralelo, sempre a comentarem coisas um com o outro e a distraírem-se mutuamente e um outro aborrecido sem os irmãos para brincar, a tentar destabilizá-los.

É claro que era mais fácil se pedisse á minha mae para os acompanhar antes da nossa chegada a casa, mas não me parece que seja uma tarefa de avó. É uma tarefa nossa, minha e do P., que devemos apanhar com o bom e o menos bom. Este é, claramente, um dos momentos menos bons do nosso dia.

Porque eles já estão cansados, porque querem é fazer qualquer outra coisa divertida, porque nós não temos grande paciencia, porque perdemos imenso , porque nos deitamos mais tarde e porque nos desgastamos.

Depois, a velha questão: Será que os devemos de facto orientar, como fazemos, ou não?

Confesso que a nossa politica é orientá-los. Nunca lhes fazemos os trabalhos, nem lhes dizemos como se fazem, mas estamos por perto a ajudar a interpretar e a corrigir no final.

Aborrece-me que tenham trabalhos de casa todos os dias, mas percebo o objectivo. E na verdade, ainda que não percebesse, não adiantava grande coisa;)

Ano passado havia mais resistência da parte deles, sobretudo do p. primeiro ano escolar com trabalhos todos os dias, não foi fácil… este ano já estão resignados. Continuam a não gostar dos trabalhos, mas já não resmungam.

Não sei se somos muito exigentes com eles. Não sei se é certo dizer-lhes que um bom não é bom e que só um muito bom é aceitável. Têm 7 anos, bem sei, mas, achamos nós, precisam de perceber que sem esforço não e cresce (ou não se deve crescer)
Têm a vida tão facilitada, os nossos filhos…
Com uma vida bestial e acesso a tudo… não lhes fará mal perceber que não é só ter. Que o ser é o mais importante. Que o ser parte de nós e que, independentemente do muito que possam ter, têm a obrigação de se esforçarem para merecer o que a vida lhes dá. Até porque nada é certo e que o têm hoje podem não ter amanhã.
Precisam de crescer com a noção de que devemos dar tudo o que temos. Que estar aquém das nossas possibilidades não é uma opção. Que merece mais reconhecimento quem atinge menos mas dá tudo de si, do que quem atinge mais, mas sem esforço.

Quero que se orgulhem de si também enquanto processo e não apenas em resultado.

Por isso, um bom há-de continuar a ser pouco, enquanto perceber que são capazes de mais.
E havemos de ter menos tempo para brincar, havemos de jantar mais tarde, de tomar banho mais tarde e ir para a cama mais tarde. Havemos de ter amuos e resmunguices e chamadas de atenção. Mas havemos de sobreviverJ e de crescer na noção de esforço, de solidariedade e companheirismo familiar.

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