quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Porque metade de mim é mulher... e a outra metade também

Outro dia fui confrontada com a questão das metades. Ou não metades. Se serei mais mae ou mulher. Que seria mais mae? É possivel que, para terceiros, eu possa parecer, de facto mais mae. Admito que o facto de ser, inequivocamente, mae de três crianças que, por uma questão matemática, são o triplo de mim, pode dar ideia de que sou mae, mae e mae E sou. Sou mãe de 3 crianças que são a minha responsabilidade e que, em ultima análise, devo educar, proteger, amar e ajudar a crescer. Mas só sou mãe porque sou mulher. E ser mãe nunca me anulou enquanto ser humano multi dimensional que sou. Sou, afinal, mae, profissional, filha, irmã, neta, amiga. Mas sou, em primeira análise, Mulher. A mulher que trabalha, que dança, que canta, que cozinha, que namora, que lê, que vê filmes, que mima, que grita, que faz birra, que chora, que ri, que vai (quando tem tempo) a concertos, a cinemas, a restaurantes, que gosta de ir ás compras, de ir ao cabeleireiro, de viajar, de passar férias, de arranjar as unhas (quando se lembra), de dormir, de ficar sossegada no sofá a vegetar e a consumir compulsivamente séries, de jardinar, de apanhar morangos e peras das arvores, de tomar banhos quentes de espuma, de beber caipirinhas em noites de verão, de jantar com amigas, de partilhar patetices de gajas e de rir muito com isso e que, numa das suas dimensões é, por acaso, mãe. Se isso me define? Não. Não é a qualidade de mãe que me define. É uma qualidade que me complementa. Tê-los, sabê-los, senti-los, faz parte de mim. É uma parte da mulher que sou. Não é a parte mais importante, assim como os olhos não são mais importantes que a boca, ou os pulmões mais importantes que o coração. É um todo que eu sou. Agora que sou mae, não podia deixar de ser porque estes filhos (os meus, não outros) se colaram à minha pele e passaram a ser eu. Torna-se, é verdade, muitas vezes, mais importante, educa-los, protegê-los, fazer deles pessoas boas. Porque, depois de serem meus filhos, tenho de exercitar, neles, o meu amor de mãe. Mas isso é um estar, um fazer. Não um ser. Não são as funções que me definem. É o ser, cá dentro. E, nesse cá dentro, sou um misto de tudo. De tudo o que gosto, de quem gosto, de quem gosta de mim. Do meu passado, do meu presente, da antevisão do meu futuro. Sou uma totalidade de mins, em diferentes cenários e circunstancias. E sou mae de filhos colados ao seu coração. Porque metade de mim é mulher. E a outra metade também!

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