quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Os meus avós paterno e materno, que não cheguei a conhecer, morreram com cancro antes dos 40 anos. O meu Pai morreu com cancro aos 40 anos. A minha querida prima A., sobrinha direta do meu Pai, morreu ano passado, com 41 anos, com cancro. Em todos os casos, cancro do mesmo tipo. Nao sou uma rapariga dada a muitas questões existenciais, mas até eu sou capaz de perceber que há aqui um padrão qualquer que não pode ser só coincidência… Ora, eu tenho 39 anos. E, não tendo ainda (felizmente) morrido, é coisa para me deixar um bocadinho preocupada. Amanhã vou ao IPO. Fazer um exame que não sei qual é mas que é uma espécie de estudo genético. Dir-me-á, no fim de contas, qual a probabilidade de morrer de cancro, deste tipo de cancro, bem se vê. A minha amiga G., muito ajuizada, diz-me que estou a abrir uma caixinha de pandora, sem utilidade alguma. Afinal, se for uma coisa genética, nada há que possa fazer para evitar… e que farei eu com essa informação? Saberei eu viver com uma espada sobre a cabeça? Não tenho pensado muito nisso, confesso. Mas a verdade é que desde domingo que não durmo bem. Não sei se é por isso, pode ser uma coincidência, mas no CSI dizem que não há coincidências e no CSI é que sabem! Amanhã vou ao IPO. Que já conheço de outras dores. De outros momentos em que nao acreditei. Não sei bem o que de lá espero. Não tenho cancro, seguramente, se não saberia. Posso é ter uma grande probabilidade de o desenvolver. De que me serve essa informação? Não sei bem… servir-me-á, se for o caso, para estar mais atenta, fazer exames com maior regularidade, para atacar a doença logo no inicio. Servir-me-á para escrever cartas, servir-me-á para preparar, com mais urgência, assuntos que têm de ser resolvidos, servir-me-á para continuar a agradecer, todos os dias, a maravilha que é estar viva. Medo tenho de os deixar. De não acompanhar o seu crescimento. De não ser capaz de os proteger, de os amar infinitamente até já não precisarem. Medo tenho de os deixar desamparados, de deixar, neles, o sentimento de perda que nunca os abandonará (sim, sei bem o que isso é), de não lhes permitir, com a minha ausência, serem cabalmente felizes, como lhes quero. Ontem, em brincadeira de guerras a brincar, dizia o j. para o m. – Não podes matar o p. a sério, senão ficamos sem mamã! - m. – é um brincadeira, j! j . – sabes que se a mama perder um de nós, fica em pedra, e eu não quero ficar sem mamã! E pronto, é isto: ele (e eles) não querem ficar sem mamã. E eu, mais do que não querer ficar sem eles (que não quero), não quero que fiquem sem mim…

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