quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Conversa de almofada, neste antes de adormecer, com o j:
 - mamã, tu vais viver mais de 10.000 anos?
 - sim, filho, muito mais que 10.000 anos!
 - mas a vóvó naná é mais velhinha que tu... quando ela morrer eu vou ficar tão triste...
 - não te preocupes! A vovó também ainda vai viver mais de 10.000 anos!
 - a sério? ufa! que bom!
:)
Ontem os meus filhos foram ao dentista.
Chegados a casa, disse o j.:
-mama, hoje não posso comer porque tenho uma caries!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ontem, ao jantar:
m: mamã, podes por favor descascar-me uma tangerina?
eu - sim, claro
m., depois de comer a primeira: Podes descascar-me outra, mamã?
eu- Sim, filho.
m.: és mesmo a melhor mae do mundo!

(as expectativas deles são tão fáceis de superar... ás vezes, acho que ser mãe é o trabalho com melhor avaliação de desempenho que conheço:))

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Afinal as prioridades nao mudam á medida que o dinheiro cresce...


Outro dia, contou-me um colega que foi feito um estudo sobre o que as pessoas fariam se ganhassem um milhão de euros. A resposta foi:

1.      Comprar uma casa

2.      Uma viagem de sonho

3.      Ajudar a família.

Em seguida, perguntaram às mesmas pessoas o que fariam se ganhassem cem milhões de euros. A resposta foi:

1.      Comprar uma casa

2.      Uma viagem de sonho

3.      Ajudar a família

 

Curioso não é?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

amor sem limites


O que é que nos faz dar tudo de nós aos nossos filhos sem pedir nada em troca? O que nos faz amá-los sem condições ou limitações?

Não sei. Não sei porque é que amo os meus filhos assim. Sei que os amo e pronto.

Sei que aceito as suas imperfeições, as suas incongruências, as suas birras e mau feitio matutino, as suas infantilidades, sem nunca, nunca, os amar menos. Sei que resmungo e que perco a paciência mas em momento algum deixo de ter o mesmo amor, a mesma atitude, a mesma entrega.

Lembro-me de ter sido criança. Lembro-me tão bem de ter sido criança…

De ter manhãs na cama a brincar com o meu pai, de ter a minha mãe a contar-me historias por ela inventadas horas a fio até adormecer. Lembro-me de, já bem grandinha (muito grandinha até), a minha mãe continuar a levar-me (a mim e á minha irmã), o pequeno almoço à cama. Lembro-me do meu pai andar, muito, muito doente, a calcorrear as ruas de santa catarina á procura, comigo, de umas calças de ganga que ele, quase a morrer e a receber subsidio de desemprego, pudesse pagar, sem se preocupar com a minha estupida vaidade e egoísmo. Lembro-me de nunca ter feito a minha cama. Lembro-me de inventar que tinha muito de estudar para não limpar o pó ou outra coisa qualquer. Lembro-me dos olhos imensamente orgulhosos e doces do meu pai a ver-me na serenata com um traje que ele não comprou, porque me foi oferecido, mas que compraria nem que para isso tivesse de deixar de tomar medicamentos. Lembro-me dos vestidos que a minha mãe me fazia e dos sapatos que me comprava, mesmo que a roupa e sapatos delas estivessem quase rotos.

Lembro-me que, da nossa comida, a melhor era sempre para mim. Lembro-me de o meu pai me levar, sempre a pé, aos ensaios do grupo coral, todas as quartas feiras á noite, mesmo em noites de muita chuva e vento, e de ficar sentado, á minha espera, até que acabasse.

Lembro-me que, fizesse eu o que fizesse, fosse eu quem fosse, nunca deixaram, nem deixariam de me amar. Nunca os meus pais me exigiram nada, nunca me pediram nada.

Este é o exemplo que eu tenho. É este o único exemplo que posso e quero seguir.

Não quer isto dizer que haja falta de regras lá em casa. Com 6 e 8 anos  já poem a mesa, levam o lixo á rua, levantam a mesa, tomam banho sozinhos, arrumam a sala quando a desarrumam, vestem-se sozinhos de manhã. Há regras, sim. Colaboração essencial à coexistência de uma família com três crianças. Temos, todos, o nosso papel. O deles, apenas de filhos. Que merecem nada menos do que eu tive. Também não precisam de mais. Basta o que eu tive, que fui uma criança imensamente amada e feliz. Sei que foi essa infância feliz e equilibrada que me permitem ser hoje uma adulta feliz e equilibrada. Sem neuras, sem dramas. Com serenidade suficiente para encarar sempre o presente e o futuro com esperança, com alegria. E com memória do que fez crescer assim.

 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O m. tem estado adoentado. Ontem não estava a conseguir apertar um casaco e eu fui ajudá-lo. perguntou-me:
 - mamã, ficas muito cansada por estares sempre a fazer tudo por nós?

(fico:) mas face a esta pergunta doce, who cares??????)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

gosto

de acordar e sentir os olhos deles pousados nos meus, depois de sorrateiramente se terem enfiado na minha cama...



Sou tão, mas tão abençoada por ter estes três filhos! Tão mas tão abençoada por eles serem tao bons, tão generosos, tao crescidos, tão melhores do que alguma vez eu fui...

São perfeitos, pois então. Não os mais bonitos ou mais inteligentes ou mais arrumados ou mais rápidos ou mais obedientes. São perfeitos porque sim. Porque os aceito como são. E porque me aceitam, a mim, tão pouco perfeita que até dói, com um amor inesgotável. Com um amor renovado todos os dias. Com o amor de quem me recebe, quando chego a casa, com a felicidade genuina de uma primeira vez. De quem confia, de quem acredita, de quem percebe que estes laços de nós são inquebráveis e não há nem haverá nada, nunca, que nos afaste. Seremos sempre uns dos outros e eles serão sempre os meus filhos mais que perfeitos, mais que amados, mais que meus.

Já tenho nome de Password!


outro dia, a entrarmos num jogo:
Eu: p, qual a password que queres usar?
p: mamã S.!

E é o suficiente para encher o meu dia:)

O meu sonho de menina (um entre vários outros, na verdade) era aprender musica. Piano. Até muito tarde, vinte e muitos anos, sonhava ter um piano na sala, num lugar de destaque, onde me pudesse sentar e tocar, quando me apetecesse.

Sempre tive uma visão tão romântica de tudo… céus! Claro que os meus pais nunca tiveram dinheiro para eu andar a estudar musica e eu nunca tive um piano na sala. Podia ter aprendido mais tarde, é certo, mas com tanto para fazer, musica deixou de ser uma prioridade e ficou arrumada no cantinho das coisas do “contento-me com o que pode ser”. Canto muito, danço. Continuo a cantar com os miúdos e a dançar com eles. Às vezes quando acordamos, outras vezes na cozinha, outras vezes no jardim. Têm, os meus filhos, muito de musica em si. Alguma coisa será de tantas canções de embalar que lhes cantei, outro tanto será gosto que o P. lhe incute agora, um outro tipo de sons que também começam a saber apreciar. Mas têm musica em si e eu gostava que não perdessem isso. Gostava que o sonho deles não fosse aprender musica. Que esse, o meu sonho, fosse um mero facto nas suas vidas. Que o seu sonho não fosse ter um piano num cantinho da sala e que o piano (ou a guitarra, a bateria, o violoncelo ou outro qualquer) fosse apenas um acessório que transportarão consigo como mais um livro ou mais uma mochila.

Gostava que o sonho deles fosse maior (ou pelo menos diferente) deste. Nao porque este tenha sido um sonho menor, mas porque há tantas coisas mais com que sonhar! Este, que foi o meu sonho, gostava que fosse, na vida deles, um som.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Saudades

da minha prima A. Muitas saudades! muita pena que cá não esteja...
O quão orgulhosa ela ia estar por a filha ter entrado na faculdade..
Parabéns C.! seguramente que o céu se abriu para lhe mostrar, cá na terra, a mulher bonita em que te tornaste!

(no central park, os meus momentos na estatua da alice no pais das maravilhas foram sempre a pensar em ti! lembro-me muitas vezes desse momento, de mim sentada no regaço dessa alice, enquanto esperava pela foto do P., a pensar no teu regaço. nos momentos em que cuidaste de mim...)
Outro dia, disse-me a mae de uma amiguinha do dos miúdos na escola:
 - sabe, a minha filha é tão apaixonada pelo seu filho p!
 - a sério? e como sabe?
 - ela disse-me que ama o p. de amor! e quando lhe perguntei porquê ela respondeu que era porque ele é diferente dos outros meninos, não transpira e não cheira mal!
:)

E mais uma vez se comprova que há razões para o amor, que a própria razão desconhece. Ou então, que para além de cego, o amor não tem cheiro!

(é lindo o meu filho p., mas não cheirar mal é coisa que não lhe assiste!)

despojos do dia

passamos o fim de semana passado em "eventos", infantis, pois claro. festas de aniversário, natação, atelier de construção de fantoches em esponja, mais festas de aniversário. Como se não bastasse, domingo de tarde fomos ver uma igreja perto de cada da minha mae e P. foi de imediato convidado para levar um andor da procissão:)
Convite é uma forma de dizer porque é evidente que era impossível dizer que não... ainda tentei argumentar que tínhamos de ir para casa fazer trabalhos de casa (o que era verdade) mas já devia saber que não se argumenta com homens de deus. "Ah, os trabalhos de casa, sim, são importantes, mas um sacrifício tao pequenino em nome de deus... olhe que depois os trabalhos de casa vao ser muito mais facilitados..."
pois! podíamos lá ficar com o peso na consciência... assim como assim, ficamos sem peso na consciência, mas o P. ficou com um peso considerável aos ombros! Eu, só da alça da máquina, que usei para ininterruptamente captar os melhores momentos deste acto de boa vontade. Vá-se lá dar o caso de ter de lembrar os ceus desta nossa participação e ter de o comprovar fotograficamente...
certo é que, coincidência ou não, a procissão terminou e quase imediatamente a seguir caiu uma chuvada como há muito não se via, carregada de trovões e luzes ameaçadoras...
Nós já tínhamos feito a nossa parte... mas que las hay, las hay!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

gosto

do momento em que, meio a dormir, abro os olhos, e ele me tira o livro das mãos (que lá ficou, também adormecido) e me aconchega os cobertores.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014


A diferença tem sido tao gradual e tão impercetível, que eu acho que ele ainda não percebeu.

Mas tenho-a eu percebido desde há uns meses para cá.

Não é no comportamento ou no sentimento, é apenas no dizer e assumir esse sentimento.

Sei que gosta deles como seus filhos (que são) desde quase sempre, mas nos últimos meses, tem vindo  sempre a chamá-los de filhos. Sempre que um se dirige a ele, ele responde, tão naturalmente como eu: sim, filho.

Não é grande a diferença, eu sei. Porque as palavras são o menos. Mas é um dizer, de forma absolutamente consciente e inconsciente que são (os meus), os filhos dele (os nossos).

Antes, chamava-os pelo nome, numa espécie de paternidade mais tímida. Agora, chama-os pelo que lhe são. Filhos, filhotes, filhos. Em palavras que ecoam em nós com a naturalidade de que sempre assim foi.

Tao simples, afinal, os laços!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014


Quando é que as pessoas se conhecem? Porque é que se conhecem?

Ás vezes, olho para ele e pergunto-me porque é que o conheci. Claro que sei que é porque seria o meu amor, mas a pergunta é: Porque é que tive a sorte de, tal como canta musica, os astros se conjugarem?

Não o teria conhecido se não quisesse experimentar a lomografia? Se ele também não quisesse o mesmo? Se não tivesse duas amigas que alinharam nisso comigo? Se não tivesse decidido faltar ás aulas da pós-graduação? Ou os astros teriam encontrado um outro dia, outra maneira de lá chegar?

Se eu não tivesse começado o dia a reclamar com a máquina, teria ele reparado em mim? Se eu não me tivesse perdido pelas ruas do Porto (como se isso fosse possível…), teria ele percebido a minha ausência? Se ele não fosse tão tímido e caladinho, ter-me-ia eu sentado na mesa dele e falado como se não houvesse amanhã?

E porque me pediu ele o meu endereço de mail/facebook? Se não o tivesse feito, teríamos perdido o contacto e nunca mais nos veríamos?

Gosto de acreditar que não.

Gosto de acreditar que os astros se conjugaram e que sim. sempre teriam encontrado uma maneira.

Se assim não fosse, eu não encontraria o meu amor. Os meus filhos não encontrariam este Pai. Esta família não teria este lar e este meu coração não teria este abrigo que tem hoje e que o faz sentir-se em casa (a sua, não minha. Talvez a nossa, vá)

Olho para ele e noto-o cada vez mais nosso, cada vez mais em nós. No inicio eramos nós (eu e os pimpolhos) e ele. Agora, somos muitas vezes eu e eles (os quatro) e, a maioria das vezes, nós, os cinco.

Vao para o campismo, os quatro. Sem mim, que fico a trabalhar. Coisa de homens, dizem. E desde manhã que estão á espera, os mais pequenos, de ir. Como ano passado, como há dois anos atrás.

E de repente passaram 4 anos e quase não há memoria deles, os três, sem nós os cinco. E é como se sempre tivéssemos sido os cinco gomos desta laranja docinha (ás vezes amarga, mas poucoJ) que, por um momento, se desencontrou. E se, se tendo encontrado, faz parte duma arvore com ramos e raízes profundas, que não podem ser separados.

A extravasar de amor de nós!

 

 

 

 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Hoje o meu amor faz anos.
E podia dizer, dele, tanta coisa! podia falar dos olhos tímidos e gentis, das mãos suaves, do riso aberto, da sua sensibilidade artística, do seu talento, sei lá!
Mas hoje, que ele faz anos, quero apenas dizer-lhe amor. Que o único presente de valor que lhe poderia dar, já dei. o meu amor e dos nossos três pimpolhos. esta família que construímos, juntos, todos os dias.
Amo-o no coração. e no corpo. e na Alma.
Parabéns!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ontem o mais pequeno estava a jogar um jogo com bandeiras de diferentes países e a velocidade com que o fazia, espantou-me.
 - como conheces todas essas bandeiras, filho?
 - conheço. (ares de importante! depois associei ao mundial, só pode...). Estás a ver esta aqui, mamã? é da tosta rica!
Pois...

terça-feira, 15 de julho de 2014

Não sou uma mae fundamentalista que não se consiga separar dos filhos. de todo! Até acho, ao contrário, que uma semana sem filhos, passados em casal, só pode fazer (e faz) bem!
Mas 15 dias... 15 dias é muito, muito tempo!
Claro que encontramos sempre coisas para fazer e sítios onde ir ou, no limite, descansamos sem responsabilidades de fazer jantar, dar banhos, cortar unhas, por cremes, ler historias, mas 15 dias... são muitos dias sem historias para ler á noite!
Chegaram ontem, numa felicidade infinita. Abraçaram-me no meio de gritos e beijinhos, irromperam pela casa dentro a chamar pelo P., (que ainda não tinha chegado do trabalho) e lançaram-me na piscina que tínhamos propositadamente enchido para eles (e que já furou e foi para o lixo). Preparei-lhes um pic-nic no jardim, com sumo, bolachas, batatas fritas e framboesas, com direito a manta e guarda sol como tanto gostam.
E tinha tantas, mas tantas saudades!
Vieram mais crescidos (ou então é só da falta que me fizeram), mas continuam os meus pintainhos. Os mesmos de sempre. depois do jantar, futebol com o P., banhinhos, conversas, historias.
Voltaram e é aqui, no nosso abraço que eles estão bem. é aqui que os sinto, que eu cheiro, que os gosto. São meus e gosto de tê-los encostados ao meu peito.
Que bom que chegaram!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Não vemos os nossos pimpolhos há 15 dias. Fomos falando por telefone, mas isso é quase nada.
Ansiosa por tê-los debaixo da minha asa, para os apertar e lambuzar de beijos, que toda a gente sabe que é para isso que uma mae serve!
Cheia, cheia de saudades destes filhos que amo de paixão!

sexta-feira, 11 de julho de 2014


Tenho andado ausente…

Por bons motivos que as férias são mais que docesJ

Estivemos, em família, uma semana no algarve e agora, a dois, uma semana em NY

A primeira vez para ambos, numa viagem única.

Não posso dizer que houve muitas novidades, porque a verdade é que já vimos quase tudo (ou mais) nos filmes que nos entram pela porta todos os dias.

Guardo, como novidade, a simpatia dos nova-iorquinos (nao sei se lá nascidos ou não, mas lá residente pelo menos) e os parques. Ah, gente que sabe aproveitar bem os espaços verdes que têm! Em qualquer lado um jardim transformado em parque, sempre bem tratado e com actividades. Ginastica, concertos, dança, carrosséis, pintura, encontramos de tudo. Todos os momentos, pretextos para estender uma manta e ficar a apreciar. Saudades de dormitar ao sol em Central park, de almoçar no Bryant park, namorar por baixo da Brooklyn bridge!

Cansamos (muito) as pernas e sofremos um bocadinho com a imensa humidade e as diferenças de horário. Vimos (tapado pelos arranha-ceus) o fogo de artificio do dia da independência, atravessamos a Brooklyn bridge a pé e á chuva (e num outro dia com imenso sol), saltei em cima do big piano do big foot, jantamos em times square e namoramos muitoJ

E pronto, foi isto. E não é seguramente coincidência que NY seja parecido com LY…

 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

no bom e no mau sentido


 
Nós no carro, de manhã

m: és um tótó j.!

j. Sim, claro, estás muito certo. Sou até um idiota!

m. olha como tu sabes! Por acaso até és mesmo um idiota!

j. Pois sou! E não me importo! Sou um idiota porque tenho muitas ideias!

p.: não tótó! Ele queria dizer idiota no mau sentido!...

A geografia da felicidade


Ando a ler o livro geografia da felicidade. Ando a ler desde Março, o que já podia não ser bom prenuncio, porque dificilmente demoro mt tempo a ler um livro, mas não é o caso. Demoro porque tenho tido realmente uma vida muito atarefada e chego á cama tão cansada que só me apetece vegetar com uma revista cor-de-rosa ou séries de televisão que me façam rir e não pensar muito e porque o livro se pode ler aos bocadinhos. Não se perde a continuidade narrativa e dá perfeitamente para ler em “pedaços”.

Ora, cheguei agora ao fim da visita do escritor ao Butão. Onde não há semáforos ou não havia quando lá esteve) e a vida anda mais devagar. Já passou pela Suica, demasiado organizada, e pela Holanda, demasiado anárquica.

Tento retirar, de cada livro que leio, algum ensinamento, alguma aprendizagem. Tento, também por isso, pensar em mim em cada um desses espelhos geográficos. E não sou capaz de decidir. É fácil pensar-me num país sem semáforos, com uma única estrada, com poucos carros, onde não há pressa para ir para lado nenhum. Mas não me parece que fosse aguentar muito tempo o demasiado tempo que teria para gastar sem fazer “nada”. É fácil imaginar-me na Suiça, onde o meu pai chegou a viver por alguns meses – e adorou -, com tudo limpo e organizado. Mas sei que não me ia habituar ao frio nem ás imensas regras a que os suiços me parecem sujeitos. Sou demasiado distraída, demasiado desorganizada, demasiado sem regras no dia dia…. Já a Holanda… fiquei (ficamos) encantados com a Holanda, ou com o que conhecemos dela. Ficamos encantados com os dias de sol que encontramos, com o comboio, com os passeios de bicicleta, com as cidades que visitamos, com os moinhos, com os pic-nics nos parques, com os concertos, com os refrescos de hortelã, com os bares, os rios, a água. Mas foi tudo numa época muito especifica, com amigos muito específicos. Seria capaz de viver lá? Não sei… E não sei o que é que faz uns povos serem mais felizes que os outros.

A minha geografia da felicidade resume-se á minha casa (em sentido alargado) e ás pessoas que nela habitam. Resume-se ao meu coração e ás pessoas que nele moram. A minha geografia da felicidade não se mede em rendimento, nem ordem nem desordem. Mede-se pelos risos deles  pela manhã, pelos abracinhos que recebo á noite, num xi-coração apertado, pelo chilrear dos pássaros num dia de primavera, pelo aconchego dos pés gelados que se aquecem, pelas conversas animadas com amigos, pelas emoções dum livro ou dum filme, pela sensação de plenitude de uma cama partilhada a cinco.

A minha geografia da felicidade está em mim. E está neles. Vivamos nós em que país vivermos, desde que estejamos juntos e estejamos bem.

 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

inconfidência

ontem, disse-me o P.
 - fiquei tão feliz quando fui buscar os miúdos ao treino!
 - sim? então porquê?
 - porque quando eu estava a chegar, o m. disse ao treinador: - está ali o meu pai!

(tu mereces!:)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Conversas de amor aos 8 anos

p.: mamã, sabes como é que eu sei que a m. gosta de mim?
 - não, filho, como sabes?
 - porque quando estamos numa festa, tipo, numa festa de aniversário, eu estou num lado e ela está no outro e ela vem sempre para o meu lado. isto significa que gosta de mim, não achas?
 - acho, claro. Acho que gosta mesmo muito! E tu, gostas dela?
 - gosto.
 - e então porquê?
 - pela sua beleza.
 - ai sim? E do que gostas na sua maneira de ser?
 - como assim?
 - no modo como ela é:
 - é simpática? sim! é brincalhona? muito! tem sentido de humor? sim! é inteligente? é a menina mais inteligente da sala! é generosa? sim! estás a ver, mamã, é por isso tudo!

E é assim que aos 8 anos, ele já percebe o amor:)

(numa empatia mutua que, vá-se lá saber porquê, dura já desde os dois anos...)

Gosto de...  
Acordar a dançar. Ouvimos musica e dançamos. Primeiro os dois. Depois, os três, com o pequenino abraçado ás nossas pernas. Os outros, a rirem-se, por entre gestos e palavras de "ui! que horror! que nojo! parem de namorar!":) Gosto que nos sintam felizes. Que percebam o bom que é ter um companheiro e uma família que se ama. Gosto que vejam, em nós, um exemplo de amor a seguir.
         Gosto de nós!


Ando há dias para escrever sobre Madrid.

Mas têm sido dias cheios, a correr, com noites mal dormidas, infecções e muito trabalho.

Fomos a Madrid.

Saimos daqui na quinta-feira, em direcção a Espanha, que muito nos (a mim e ao meu amor) encanta.

O destino, parquer warner bros na sexta e sábado, para grande divertimento dos miúdos. Fomos em família alargada, com mae e sogra, a ajudarem na logística e no divertimento.

Adoraram o parque. O m. ficou doente logo no primeiro dia, mas acho que já não se lembra e só guardou as memórias positivas.

Jantamos no centro de Madrid (calamares bons e estaladiços). Passeamos no mercado S. Miguel (que cheiro a peixe estragado, mãe!), na plaza mayor (podemos dar dinheiro àqueles senhores sem casa? – tantos, por ali…) e na puerta del sol - a nossa, da nossa primeira viagem a dois, do beijo ao abrigo do urso (porque é que o simbolo de Madrid é um urso?), e deles agora, com os meninos dos patins que eles idolatraram.

Segundo dia, j., doente. Terceiro dia, dia de regresso, não sem antes uma visita oficial ao estádio do real Madrid, eu doente. Viagem longa e com muitas paragens, mas chegamos bem e em paz. Primeiro dia pós Madrid, P. doente.

Algum vírus nos apanhou e não quis largar-nos fora de portas, mas mesmo assim, não houve vírus que nos impedisse de gozar, em família, estes mini dias de ferias.

Cansativos mas com muitas imagens de amor gravadas na minha memoria.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

eu nao sele chines, eu sele japonês


O j. a repuxar os olhos.

Eu: que giro, filho, pareces um chines!

- Não, mamã! Sou um Japonês!
 
Ps: piada só percebida por quem tem á volta de 40 anos ou gosta de ver séries muiiiiiito antigas:)

 

terça-feira, 15 de abril de 2014

 - mamã, os manos estão a dizer que puta é uma asneira!
 - e é, filho, é uma palavra muito feia
 - mas tu dizes puto e não é feio!

sim... nada a explicar...
O Príncipe loiro de olhos verdes:
 - mamã, hoje magoei-me a jogar à bola. E doeu-me muito!
 - oh, e choraste, meu amor?
 - Um bocadinho... mas só quatro lágrimas! duas deste olho e duas deste!

(pois, é um valente:))

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Passou quase um mês desde que eu fiz anos. Sem tempo para escrever sobre o dia de princesa que eu tive.
Desde que o conheço o meu dia de aniversário deixou de ser apenas um dia de aniversário. Agora é sempre, também, um dia de magia e de encantamento diversos.
Reune sempre os meus amigos e família mais querida. Prepara, ao pormenor, a festa, o almoço ou jantar, escolhe as musicas, as historias, as pessoas, as memorias.
Ano passado, saxofone (que eu adoro) e espetáculo de sevilhanas. Este ano, um palácio verdadeiro, para que eu fosse  - mesmo - a princesa da festa.
Num sitio lindo, com uma vista deslumbrante, num lanche óptimo, tudo pensado ao pormenor. Com memorias de mim cantadas numa apresentação que me fez chorar.
E, de presente, a bicicleta mais linda do mundo, para que eu possa aprender e partilhar com ele e os nossos filhos, os passeios que daremos no Verão.
Não precisava de um dia tão perfeito, na verdade. Basta-me, sempre, a presença de quem gosto. Mas pensado por ele, não podia ser doutro modo. É atento e cuidadoso no planeamento, artístico e sensível nas escolhas, amoroso e amante nas consequências.
É, também por isso, que é o meu amor.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Este nunca é um dia de sentimentos simples.
Não deixo nunca de sentir, apesar dos anos que se passaram desde então, muita pena por não ter o meu pai por aqui. Mas sinto também uma enorme gratidão por o ter tido, a ele, como meu pai e pelo tão grande amor que me deu enquanto lhe foi possível.
Grata, ainda, á vida, pela sorte que os meus filhos têm por serem incondicionalmente amados por dois pais.
Muito em particular, grata ao meu amor, que escolheu ser pai destes meus - agora nossos - filhos. Grata pelo cuidado, pelo carinho, pela educação, pelo envolvimento, mas sobretudo, pelo amor de cada gesto, de cada palavra, de cada olhar.
Não sei como seria ele pai de outras crianças, não sei se tem jeito ou especial apetência para crianças. Mas sei que foi feito para ser pai destas crianças e que não quereria outras. Nota-se neles, elos de amor muito para além dos de sangue que não são, de todo, os mais importantes.
Grata eu, por poder assistir a estes elos, por poder partilhar, com eles, a magia de ver crescer laços que provam que o amor é a razão de tudo.

quinta-feira, 6 de março de 2014


Estou a dias de fazer 40 anos. E esta data serve, sobretudo, para me recordar o quão abençoada sou.

Não tenho grandes planos para os próximos quarenta.

Não há assim nada que eu queira muito fazer ou ter. Fui sempre equilibrando o meu querer e o meu ter, pelo que não há assim nada que me falte.

Claro que ainda quero muito viajar, mas isso sempre quis e hei-de querer sempre, não há-de ser por ter 40 anos.

Queria voltar a andar de bicicleta,  mas já comecei ano passado e este é só para insistirJ queria fazer algum exercício físico, mas também já comecei há dois anos com hidroginástica e este ano com pilates, portanto, também não é novidade.

Quero ler mais. Mas isso não conta, porque quero sempre ler mais…

Pintar. Isso sim, é uma ambição, a de voltar a pintar com algum método. Mas isso também depende apenas de mim e de me convencer a encontrar o tempo certo para isso.

Portanto, nada de novo por estes lados. Nenhum projecto grandioso. Nada que sempre quis fazer e vai ser agora. Até já plantei uma arvore (bem mais que uma), escrevi um livro e tive um filho (ou trêsJ)

O que eu quero mesmo, é continuar a sentir esta serenidade. É continuar a emocionar-me com filmes e canções. É continuar a rir-me com vontade, continuar a acordar com espirito de agradecimento, continuar a sentir-me bem física e mentalmente, continuar a acreditar na bondade.

Continuar a sentir o meu peito fora de mim, nos meus filhos. A sentir a sorte que é tê-los no mundo e em mim. Continuar a sentir-me amada e a amar o companheiro que a vida me destinou e que teve a generosidade de colocar no meu caminho. Continuar a ter amigos e a partilhar com eles, e com a minha família, os meus dias.

Não tenho, portanto, grandes ambições. Ou então sim, que estas são, de facto, as minhas grandes  - e únicas - conquistas. Hoje, e nos próximos quarenta anos, hão-de ser sempre estas as minhas “great expectations”

 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014


Sobrevivemos, não sei bem como, à festa de aniversário dos 3.

Cinema com amigos dos mais velhos no sábado de manhã, festa com amigos da escola do mais novo em casa, a partir das 14.30 e festa com família e amigos, lá em casa, a partir das 17horas.

Passei horas a cozinhar, horas a lavar louça e limpar chão, horas a vigiar dezenas de meninos, horas a deitar fora papeis e a organizar presentes.

Num só dia entraram lá em casa, entre amigos dum, amigos doutros, amigos comuns e família, seguramente mais de 100 presentes.

E o próximo fim de semana será para organizar os brinquedos que, sendo excedentes, vão ocupar outras casas, fazer felizes outros meninos.

Correu bem, a final.

Nenhum menino se magoou (com excepção de um dos nossos, mas sem gravidade), e os nossos pequeninos estavam verdadeiramente felizes.

O mais novo, absolutamente extasiado com a ideia de ter uma festa só para ele, o centro das atenções.

Domingo, depois das arrumações, voltamos à rotina, com mais um trabalho de um palhaço em 3D para o j., levar para a escola.

Ontem, depois de lhes dar de jantar, banho e ler historias, adormeci, de cansaço, às 10 da noite.

É assustador o ritmo a que correm os nossos dias, todos os dias. A nossa falta de tempo para abrandar. A impossibilidade de abrandarmos.

Lembro-me muitas vezes, do livro que li, sobre a mulher que um dia acordou, no dia a seguir aos filhos gémeos saírem de casa para a faculdade no exterior, e se sentiu incapaz de sair da cama. Não é que não quisesse, simplesmente não conseguia. Será que algum dia isso me vai acontecer? Haverá um dia em que acordarei sem vontade de me mexer?
Se tudo correr conforme os meus planos, não:)
 

 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014


E hoje o meu amor mais pequenino faz seis anos.

É impressionante como o meu amor por ele cresceu, até chegar a esta enormidade que não me cabe no peito.

Quando nasceu, não foi de imediato que conseguiu ocupar o seu lugar. Os irmãos ainda eram muito pequeno, acabados de fazer dois anos e com muitas mais necessidades que um bebé que só precisa de ser alimentado e ter a fralda limpa. Os mimos eram divididos pelos três, mas fiquei sempre com a sensação de que não lhe dei tanta atenção quanta a que ele merecia.

Entre o habituar-me ainda a três crianças e  à circunstancia de ficar sozinha com elas, acho que o j., por ser o mais pequenino, pode ter perdido um bocadinho de mim.

Mas entretanto, ele cresceu. E foi, sempre, e é, sempre, o meu bebé.

Continua a ter de encontrar jeito de se impor junto dos manos. Mas o lugar dele está bem demarcado na nossa família numerosa.

No meu coração, não tem lugar marcado. Ocupa-o todo, como água que invade e se espalha por todo o corpo.

 - vais continuar a ser o meu bebé, sim?

 - não, mamã. Agora que fiz seis anos, vou ser só o teu filhinho!

E está tudo bem. Consigo viver bem com issoJ

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

e o blá, blá blá do dia de hoje

Ah, pois, hoje é o dia dos filhos serem o melhor o mundo e blá, blá, blá, e são os mais lindos, os mais perfeitos e os mais espetaculares deste mundo e arredores.
Porque hoje o p. e o m. fazem anos e é dia de abençoar a minha vida e a minha sorte por tê-los como meus filhos.
É dia de estar feliz e de nada poder estragar a magia que é ser mae deles. Destes meus filhos tão perfeitos que são o melhor do meu mundo.
e é claro que ontem continuamos com o big ben e ainda tivemos de fazer trabalhos de casa, preparar os bolos para levarem para a escola e dar banhos, preparar mochilas e contar historias. e é claro que estamos cansados e a precisar de dormir:) mas, hoje, é dia de imensa felicidade e não há cansaço que a belisque.
Estes meus filhos são os mais preciosos em todo o mundo, que têm crescido em sabedoria e generosidade.
São o meu sorriso, enchem-me a alma e não há nada que me pudesse fazer mais feliz do que ser a mae deles.
Parabéns bebés!

nós e o big ben (post atrasado de segunda-feira)


Esta semana temos um projecto escolar para a semana Inglesa: Construir um big ben em 3D

Ora, isto até seria um projecto engraçado se eles, os três, não trouxessem, para além desse projecto, trabalhos de casa. E se, à segunda feira não tivessem volei, á quarta não tivessem catequese e o p. e m. não fizessem anos, se quinta não fosse o j. a fazer anos, e sexta já não ser dia útil!

E até não seria tão complicado se o p. e o m. não andassem na mesma turma e na mesma escola e não tivessem, por isso, de fazer dois big ben!

Portanto, e a final, deitamo-nos à meia noite, completamente estoirados, e iremos hoje pelo mesmíssimo caminho!

Ah, ter filhos é a melhor coisa do mundo e são a nossa alegria, e coisa e tal e blá, blá, blá… E são. Mas dá tanto trabalho!...

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014


Acordei com as maos deles em cima de mim. Com as pernas enroscadas nas minhas. Acordei com a sensação, milhentas vezes repetida, de bênção pela família que tenho, pela sorte que Deus colocou no meu caminho. Deram-um um beijinho e o j. pediu um abraço de famíliaJ

E depois, um não queria tomar o leite e outro não queria vestir-se. E um deu um encontrão no outro e o outro uma cotovelada. Um castigo, um berro, algumas lagrimas, desfez-se a magia.

O que podia ter sido o inicio de uma manhã perfeita foi apenas um bocadinho de inicio de manhã perfeita. O resto, foi imperfeição e eu, a final, triste e decepcionada por não ter sabido ser mais paciente. Por me ter deixado contagiar negativamente pelos pormenores normais de uma casa normal, de crianças normais, e ter falhado o essencial que é tê-los como filhos e acordar com eles, felizes, no nosso meio.

Todos os dias tento ser uma pessoa melhor.

Tenho de continuar a tentar…com mais força


No nosso primeiro dia 14 de Fevereiro juntos, ele deu-me a chave de sua casa. E um coração. Foi nesse dia que eu soube, em sentido inverso e paralelo, que eu estava no coração dele e ele na minha casa. Foi nesse dia que eu soube, que a minha casa era ele e que o meu coração estava fora do meu peito, dentro dele.

Foi nesse dia que eu soube que o amaria para sempre.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A ser condescendente comigo propria


Cheguei á escola e perguntei quando eram as matriculas. Responderam-me que era o ultimo dia. Que tinha de os inscrever até ás 18h.  Tenho tempo, pensei, venho cá ao final da tarde.

Liguei ao P., para me trazer de casa as fotos e os boletins de vacinas e meti os formulários na carteira para os preencher no escritório.

05pm. Formulários já preenchidos em cima da secretária, tempo controlado, tenho tempo. 05.35pm. aparece um telefonema urgente que não posso deixar de atender, mas tenho tempo. 05.40, saio do escritório, chego ao carro, não tenho os formulários. Volto a subir ao 3º andar, pego nos formulários, entro no carro, 05.50… é impossível chegar a tempo.

Peguei no telefone e, com a voz mais lamurienta do mundo, lá me justifiquei com o trabalho e reuniões e blá, blá blá e: posso por favor matriculá-los na 2ª feira?

Sim, pude. Mas fui seguramente a única mae a esquecer-se de matricular os seus filhos!

Fiquei triste, ciente de que inverti as minhas prioridades e de que a minha cabeça não anda assim lá muito fresca…

Mas fui branda comigo, ainda assim

Com o tempo, aprendi a desculpar-me. A perceber que as minhas limitações não fazem de mim má pessoa. A não querer ser perfeita a todo o custo.

Claro que gostava de ser, mas não sou. E por muito que me esforce, nunca vou ser. Sou mae de três crianças, trabalho fora, faço horas extras, sou dona de casa, faço bolos e biscoitos e esqueço-me de coisas. Esqueço-me de coisas e não consigo fazer tudo o que precisava no tempo que tenho disponível.

É certo que me podia levantar ás 06 da manhã e não almoçar e não lanchar e não falar durante as horas de trabalho sei lá, ser mais eficiente em geral! Mas não sou…E aprendi a viver com isso. A não ser demasiado dura comigo mesma.

Faço o que posso. E o que posso tem de ser suficiente!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

o p. para o m, a meio de uma zanga qualquer:
 - mas tu és burro?????
eu e o P., de imediato e em simultâneo: - p.!!!!!!
ele: - Que foi? Só perguntei!!!!!

ah, pois, há muito amor por aqui:)

eu a explicar a diferença entre o há e o à:
exemplo com à: A maria vai á escola
exemplo com há: nesta casa há muito amor

comentário do p: por acaso nesta casa há mesmo muito amor, mamã. escolheste bem a frase!:)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

como sobrevive um casal a tres filhos?


Como sobrevive um casal a tres filhos?

 PoisJ
 

Ontem, demos por nós, a olhar para dentro de nós, e a verbalizar: que família ruidosa somos!
Chegamos a casa e temos dois trabalhos de casa (ou três, que o pequenino já traz “trabalhos de casa preparatórios para o primeiro ano que aí está a chegar”) para acompanhar. Todos os dias, trabalhos de casa de matemática, estudo do meio ou português, mais dois dias de ingles e mais um dia da semana musica.

Não fazemos os trabalhos. Acompanhamos, corrigimos, mas isso também demora tempo. E despende energia.

Jantar a seguir. Quem está na mesa, quem não está. Se já lavaram as mãos, que não gostam de legumes, que aquela comida hoje até nem apetecia muito, quem está na mesa, quem não está. Que não se podem ver desenhos animados ás refeições, para podermos conversar. Então brinquedos. Não, não se podem ter brinquedos em cima da mesa. Quem está na mesa, quem não está. Mais novo a fazer caretas ao m. m. a não gostar. Empurrão ao irmão, que se ri e deita o copo ao chão. Apanha o copo, talheres caem, afinal não querem água, vao fazer sumo. Quem está na mesa, quem não está. Quem come, quem não come. Depois, pratos no lava loiça e subirem, os três, as escadas, para o banho.

Hoje não quero ser o primeiro. Tenta trocar com irmãos, que não cede, vai para a banheira o primeiro. Sai da banheira, entre o próximo, com o primeiro a lavar os dentes. Sai o segundo, entra o terceiro, com o segundo a levar os dentes, sai o terceiro, vai lavar os dentes, vestem os outros o pijama.

Cama. Quem está na cama, quem não está. Falta um livro. Vao escolher um livro. Trocam de livro, vao buscar outro, mais um urso de peluche, mais o jogo para o dia seguinte, mais outro livro que um não chega. p. quer o livro do j., que lhe foi oferecido a ele. J. quer o livro para ele, porque em casa tudo se partilha e o que interessa é quem quer primeiro, não de quem é. Todos amuados, na cama. Prepara roupa para o dia seguinte. Não esquecer do uniforme de uns, roupa e bata de outro, mochila com lanche, mochila para a natação. j. não quer a camisola cor-de-rosa que é de menina, m. não gosta do lanche, p. continua a querer o livro do j.

Troca roupa, troca mochila, tentando não esquecer de nada e já com paciencia nula.

Filhos na cama, hora do conto. Conto eu ou contas tu? Contamos os dois, revezamo-nos, estourados, já só á espera de dormir. Três historias, das grandes, para demorarem muito!

Só mais um abracinho e um beijinho e fica mais um bocadinho aqui na minha cama.

E ficamos. Tentamos não adormecer, ir para a nossa casa, o nosso cantinho, perceber que somos gente, que também existimos para além deles.

Estás aí? Vem para cá.

 

Como sobreviver a três filhos?

J

Pois! Com a certeza de que existimos, neles mas também para além deles. Somos uma família, a cinco, e  somos um casal,  naquele bocadinho e noutros, em que nos encontramos.

Às vezes olho para o P. e questiono-me  se não pensará em que raio de filme se veio meter. Solteiro e bom rapaz, mais novo, sem filhos, sem experiencia com crianças, apanhou com três em cima, de uma só vez, sem tempo sequer para se adaptar á ideia de ser pai.

Mas olho-o melhor e sei que ainda que pense nisso, está ali. Não desiste. Cansado e com dores de costas, não deixa de contar uma história, de acompanhar os trabalhos, de ver se os dentes estão bem lavados, de perguntar se o dia correu bem. Ainda que pense que ás vezes é uma responsabilidade demasiado grande, nunca é grande o suficiente para desistir deles, para desistir de nós. E essa confiança que temos uns nos outros, faz da nossa família, muito mais que ruidosa, uma família feliz.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014



A querida M., que lê este cantinho, diz-me, volta e meia, que os meus textos a inspiram…

Isso é bondade dela, que eu sei. Os meus textos nada têm de inspiradores…. Mas acredito que a minha estória seja, pelo menos, demonstrativa da capacidade de acreditar. Em nós, na vida, em segundas, terceiras e tantas oportunidades que nos vão aparecendo pela vida.

Fiquei sozinha com três bebés. Dois com 23 meses, um com 11. Seria hipócrita dizer que foi fácil. Claro que não foi. A determinada altura o trajecto que tinha delineado deixara de o ser e eu senti a minha própria identidade fragilizada.

Quem seria eu fora daquela vida em que eu estava?

Não foi fácil, mas não foi impossível.

Eu e os meus três bebés eramos uma família. Eu, para além deles, era uma pessoa cheia de vontade de estar e de ser.

Redescobri-me, então, em mim. Passei a ser, acho eu, uma pessoa muito mais interessante. A minha irmã, pelo menos, diz que simJ Diz ela que gosta muito mais de mim agora…

Ganhei novos amigos, recuperei antigos amigos, descobri novos interesses, fiz coisas que sempre quis fazer e que fui deixando para trás, abri-me à fotografia, á musica, á dança, saí da minha zona de conforto.

Tive algumas lutas externas (mami e tentar perceber, também ela, quem era esta nova filha, passado a tentar re-encaixar no presente) e internas (seria este o caminho certo, seria eu suficientemente forte, suficientemente interessante, suficientemente mãe), mas dei a mim o tempo necessário para estabilizar-me. Depois, seria mais fácil.

E foi.

O que nunca perdi de vista foram os meus filhos. Não me colei a eles, não os absorvi em mim, não compensei a ausência de amor com o amor deles,  mas nunca, em momento algum, os perdi de vista. Fomos sempre, os quatro, um nó. Um laço bem apertado no coração. Fomos, sempre, felizes e equilibrados, mesmo quando eu, sozinha, não tinha encontrado ainda o meu equilíbrio.

Depois, foi mais fácil.

Descoberto o meu caminho, o meu eu, dei de caras, sem esperar, com o meu amor.

É claro que o achei lindo no momento em que o vi (ele achou-me resmungona e faladora…), mas só soube que ele era e seria o meu amor, alguns dias (não muitos) depois.

Não acho, honestamente, que a vida me tenha dado outra oportunidade. O que eu acho é que a vida está cheia de oportunidades e de certezas. O P. não era uma oportunidade, era uma certeza. Tive apenas de fazer algum caminho até ele. E ele, algum caminho, até chegar a mim.

No caso dele, um caminho para uma família de quatro, que aceitou, sem alguma reserva, como dele. Sei, de uma segurança absoluta, que os meus filhos são os filhos dele, que não há mais amor em mim por eles do que nele.

No meu caso, um caminho para ele se encaixar em nós, para criarmos, de raiz, uma família de cinco, como se nunca tivesse sido sem ele. Num amor que nunca antes existiu em mim e que lhe estava destinado.

Esta minha estória não é inspiradora, portanto. É, tão-só, prova de que a realidade supera os sonhos e que ser feliz é uma questão de certeza. Mais vale, por isso, ser feliz sempre, em nós. Com a segurança de que a felicidade com os outros é uma certeza, no momento certo.

 

 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ontem, bilhetinho do m. para nós:

P., és o melhor pai do espaço

mamã, és a melhor mae do planeta

São tão lindos os meus ricos filhos! (e quando eu disser o contrario é porque estou a mentir:))



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

há dias - quase todos - em que só a meio da manhã é que a minha manhã começa. Antes disso, fico rezingona e com pouca vontade de conversar. Faço as minhas funções na exacta medida das necessidades: visto e preparo três crianças, faço três pequenos almoços, preparo três lancheiras e mochilas, lavo-me e visto-me. Levo as três crianças á escola e vou trabalhar.
Só lá para depois das 10h é que começo a abençoar as minhas manhãs. o perfeito que é ter acordado, ter o meu amor ao lado para me ajudar nas tarefas, ter as minhas três crianças lindas e perfeitas a dormir, em paz, debaixo do mesmo tecto que o nosso. Só lá para meio da manhã é que começo a ter saudades deles, os quatro, e que me apetece dizer-lhes o quanto os amo.
Tenho tentado, todos os dias, acordar mais viva para a vida, mas é este o meu relógio biológico. Pouco virado, entre as 07 e as 09 AM, para beijos e miminhos e birrinhas e brincadeiras.
É um relogio mais virado para a introspecção, para o silencio, para a calma que as manhãs (pelo menos as nossas) não têm.
Na próxima encarnação, vou pedir para nascer num tempo em que a manhã só começa depois das 10...
Ontem, o meu pequeno p., a olhar para uma foto minha, com um vestido ás flores:
Mamã, parece que explodiste a primavera!

(vai-me dar trabalho, este poeta! é o que vos digo:))

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Numa casa com três crianças tudo (e é mesmo tudo) é motivo para disputas...
um brinquedo que nunca foi minimamente importante passa a ser o brinquedo mais importante do mundo num determinado momento, ser ou não o primeiro a tomar banho é uma guerra, quem desliga a televisão ou as luzes e porquê uma outra.
Vamos, por isso, inventando regras á medida das necessidades, naquele principio de que já vos falei da tentativa e erro.
É por isso que temos, por exemplo, uma lista para os banhos (que funcionou muito bem) e que elegemos agora um "responsável de comando". É que os miúdos são pequenos mas há coisas que já devem vir com o género e o comando já é uma extensão do seu braço!
Vai daí, cada dia temos um responsável pela televisão e pelos programas que escolhem (quando chegam da escola e não optam por outra brincadeira qualquer).
Não há qualquer dúvida de que os miúdos (acho que mais os rapazes, mas imagino que as raparigas também) precisam de regras. Precisam eles e nós, para sobrevivermos ao caos que é educa-los.
Se souberem as regras, evitam-se (ou pelo menos diminuem-se) os conflitos: regras para hora do jantar, regras para comer guloseimas, regras para jogar PSP ou tablet, regras de banhos, regras para trabalhos de casa...
Eu sei que pode parecer redutor, mas é seguro que, a não ser assim, nos desintegraríamos:)
Se houvesse uma só criança, seria mais fácil, não havendo forma de questionar porquê eu e não ele; numa família numerosa, as questões de pseudo-justiça (no entendimento deles), têm uma importância acrescida e têm de ficar sanadas sempre que acontecem. Porque as crianças (pelo menos estas) têm em si muito presente a ideia de (in)justiça e facilmente criam dramas e filmes... O que vale é que com a mesma rapidez com que inventam problemas, também assim os desfazem e continuam a ser o que melhor sabem ser: crianças:)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Acabei de preencher o boletim de matricula do j para o 1º ano.
Sei que vai fazer seis anos e que está na hora de entrar na primária, mas a verdade é que não consigo olhar para ele como não sendo o meu bébé.
Até na roupa é estranho porque continuo a olhar para roupa nova (que lhe serve lindamente) como sendo enorme e tenho sempre tendência para achar que irá vestir um tamanho menor do que de facto veste.
É e vai ser sempre sempre o bebé do meu coração. não é que o p. e o m. não sejam, que claramente são, mas o j., veio depois. foi bebé depois, pode ser bebé ainda quando os irmãos, que se calhar ainda deviam ter sido, já não puderam ser tanto. Olho-os, aos três, e apesar de diferença de idades mínima e da diferença de tamanho e de desenvolvimento cada vez mais a desaparecer (até já lhe saíram 2 dentes), sinto-o, a ele, como o meu bébé.
Pudesse guardá-lo sempre comigo assim... (oh, que desejo pateta e egoísta, que o que eu mais quero é que cresça saudável e feliz!)
ontem, o j, para o meu amor:
papi, dás-me a sopa?

e é assim que ele lhe conquista o coração, que eu sei:)